Vida em Matéria

Matéria é conteúdo, pretexto, causa, oportunidade. Matéria possui corpo e ocupa lugar no espaço físico. E virtual. Se matéria é o assunto ou objeto de um discurso... Por que transformar apenas matéria em vida, se podemos tranformar vida em matéria?

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Eles querem pagar 119 reais

Preço errado leva multidão à porta da loja

Se a razão da polêmica em torno das Casas Bahia já foi a pergunta: “Quer Pagar Quanto?”, hoje, a resposta foi causadora de muita dor de cabeça aos funcionários das 564 lojas espalhadas pelo Brasil. Tudo por causa de uma TV LCD anunciada por 119 reais no encarte de diversos jornais. O verdadeiro preço do aparelho era de dez vezes o valor publicado.

Quem tentou ir a filial do Madureira Shopping Rio encontrou portas arriadas e muita gente esperando no corredor por alguma solução. Policiais do 9º BPM, de Rocha Miranda, foram chamados para conter os clientes mais exaltados. A guarda montou uma escolta para impedir as pessoas de forçarem a entrada à loja.

Logo pela manhã, os atendentes produziram uma errata e distribuíram aos interessados na compra da TV. A dona de casa Sandra Barreto tinha uma cópia: “A advogada falou que isso iria servir de prova contra eles porque o jornal rodou domingo e segunda com o valor errado”.

A explicação contida era de um erro gráfico na impressão dos anúncios e um pedido de desculpa pelos transtornos. Muitos ignoraram a informação e levaram o encarte do jornal como prova: “O preço é válido até o dia 29”, justificava o cliente Wilson Soares.

O policial de plantão não quis ser identificado. Ele deu informações sobre como os clientes deveriam proceder:
- Aqueles que se sentirem lesados deverão ir a 29ª DP, do outro lado de Madureira, e prestar queixa contra as Casas Bahia. É rápido porque o processo é conjunto. Basta ir lá, levando documento, colocar o nome e esperar uma resposta. Aqui nada será resolvido.

A confusão teve início quando o shopping abriu. Somente à noite, um cordão de isolamento foi improvisado pelos seguranças do shopping em frente à loja.



domingo, 23 de novembro de 2008

Kelis cancela show no Rio de Janeiro e acaba detida


Anúncios do show pela cidade


A vinda da cantora norte-americana Kelis para o Brasil foi marcada por muita confusão. Momentos antes de se apresentar, Kelis resolveu cancelar o compromisso. O motivo seria uma das cláusulas de seu seguro de vida, a proibindo de circular pela cidade após as duas da manhã.

O show programado para dia 22, no Viaduto de Madureira, contou com público de 4 mil pessoas. A apresentação estava prevista para as 3 da manhã. Segundo Renata Barros, organizadora do evento, esse problema poderia ter sido facilmente resolvido: “A produção dela teria de ter comunicado e a gente mudaria o horário do show. Isso não seria um problema. Todas as informações foram omitidas pela produção”.

O caso foi parar na polícia. Graças ao contrato assinado por um representante da cantora, Kelis foi obrigada a fazer uma nova apresentação no dia seguinte. O show teria início às 17h e a entrada seria gratuita.

A cantora tentou escapar do compromisso pela segunda vez e foi detida pela polícia federal, no aeroporto Tom Jobim, já preste a embarcar. Ela está presa sob acusação de estelionato. Kelis conseguiu se complicar ainda mais ao agredir um repórter que tentava falar com ela.


Fãs aguardavam um esclarecimento


Por volta de 19h, era possível ver uma pequena aglomeração próximo ao local do show. Caroline Correia veio de Anchieta para ver a cantora e estava decepcionada com a notícia: “Eu não vim ontem, soube desse show hoje por um amigo. É deprimente vir aqui e não ter acontecido, pelo gasto de passagem, de tempo. Foi um erro de organização”.

Alguns fãs, como Cinthia Clemente e Rosilene Santos, esperaram até às 6 da manhã para ver a artista, no dia anterior. Elas voltaram para tentar assistir a performance, assim que leram no Orkut. As jovens reclamaram da falta de informação por parte dos organizadores: “Não tem nem uma faixa aqui, nem um aviso, para sabermos que o show foi cancelado”, constatou Rosilene. Já Cinthia levou na esportiva seu descontentamento: “Paguei 30 reais. Se tiver outro show, eu não venho. Pelo menos não no da Kelis”.

A cantora também desmarcou shows em São Paulo. Os prejuízos por lá chegam a quase R$300 mil.



Veja na íntegra a entrevista de Renata Barros



sábado, 8 de novembro de 2008

Inventores do presente

"Fogão Solar" teve custo zero aos alunos

Aconteceu essa semana o 1º PROJETEC do Rio de Janeiro. A feira de inovações tecnológicas foi montada na Escola Técnica Estadual Visconde de Mauá, em Marechal Hermes.

O evento reuniu 250 expositores, todos alunos do colégio Visconde de Mauá e de três outros envolvidos na realização do projeto: ETERJ, Electra e Rezende-Rammel.

Dentre as invenções mais criativas estava o “Fogão Solar”, feito de materiais recicláveis. Os alunos Leonardo Luiz, Maria Isabela Lima, Camila Mendonça, Wagner Viana, Idearnés Brito, Tatiana Souza, Daiene Neves e Arthur Neves foram responsáveis pela elaboração da engenhoca e explicavam orgulhosos como ela funcionava:
- São 24 painéis de papelão, forrados de alumínio, que refletem a luz do sol direto na panela. Descobrimos que a panela de vidro funciona melhor que a de metal por deixar a luz chegar direto ao alimento. Levamos 95 minutos para cozinhar duas xícaras de arroz e 30 minutos para cozinhar 2 ovos. – detalhava Leonardo.

A idéia era alcançar uma forma simples, barata e menos poluente de cozinhar os alimentos. A estudante Camila ainda trouxe inspiração de outras culturas ao elaborar o fogão: “em Bangladesh as pessoas preparam os alimentos com a energia do Sol, ninguém usa eletricidade para cozinhar”.

Foi um mês e três tentativas até chegarem ao modelo exibido na feira. Agora os jovens inventores querem melhorar o projeto, aumentando o tamanho do fogão e utilizando espelhos para refletir melhor a luz solar.
Na opinião deles, o invento, idealizado pelo professor Augusto, será adaptável às casas do futuro: “As casas terão painéis de vidro no teto. Acho possível que as pessoas utilizem o Fogão Solar, desta forma. Ele só precisa de algumas melhoras...”, ressaltava Leonardo.

"Sleeper" criado para embalar o sono dos bebês

Logo no stand ao lado estava o “Sleeper”, reunindo muitos olhares curiosos ao redor de um pequeno carrinho de bonecas virado de ponta cabeça.
O dispositivo move um carrinho de neném, para frente e para trás, automaticamente. Ele é adaptável a todos os carrinhos e faz o serviço duro de ninar um bebê, sem o mínimo esforço. Funciona na bateria e pode ser ativado através de controle remoto. Tudo para facilitar ainda mais a vida das mamães.

A invenção foi obra de Iago Vianna, Dandara Fernandes, Clarissa Batista, Elias Ferraz, Deborah Varela e Taísis Marinelo. Nasceu para resolver um problema pessoal, no qual o estudante Iago se viu envolvido em casa: “Pensei no Sleeper porque tenho bebê em casa e sei como dá trabalho”.
O grupo levou dois meses para pôr em prática esse projeto e pretende patentear a criação.

O PROJETEC RIO não teve o apoio de empresas e nenhum patrocínio. O diretor da Escola Visconde de Mauá, Marcos Thompson, vê na iniciativa uma oportunidade para os estudantes mostrarem seus trabalhos, mas lamenta essa falta de incentivo: “Ano que vem, a feira vai acontecer se tiver patrocínio”. Mesmo com estes empecilhos, Thompson pôde comemorar o sucesso de público. O evento esteve lotado durante os três dias de exposição.

Veja, abaixo, os vídeos de outras invenções interessantes:



"Peneira elétrica"





"Levitador"



domingo, 5 de outubro de 2008

Para votar, siga os papéis

Galhardetes e panfletos, em dia de eleição

Desde a última semana, todos os candidatos tiraram os sites do ar. A recomendação do TSE é de suspender qualquer forma de propaganda eleitoral nas vésperas da votação.

Mesmo com o policiamento reforçado em todo Rio de Janeiro, o bairro de Honório Gurgel ficou com as ruas lotadas de panfletos de candidatos. A sujeira espalhada pelo chão era concentrada nos arredores das zonas eleitorais, evidenciando as bocas-de-urna não coibidas.

A eleitora Cinthia França indigna-se: “Todo ano acontece isso. E não é só aqui, não. Tudo quanto é lugar da cidade fica essa sujeira”.

Carros da polícia passavam a todo o momento pela frente da zona 217, em Honório. No início da tarde, a movimentação no local era tranqüila. Um carro de som, lotado de adesivos, mas com o som desligado, passou ao lado dos policiais e nada foi feito.

Apesar de não ter sido interceptada por nenhum panfletista a caminho da urna, na rampa de entrada do posto de votação era possível encontrar folhetos de candidatos.


sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A vida embaixo do viaduto

Mendigos se abrigam sob o viaduto

Renato Pereira e Adriano da Silva são moradores do bairro de Madureira. Seria normal, se não fosse pelo lugar inusitado onde resolveram estabelecer residência: embaixo do viaduto Negrão de Lima.

As constantes brigas familiares os forçaram a sair de casa. Renato está nas ruas há um ano e meio, Adriano há seis anos. Deitados sobre papelões, quatro homens dividem espaço com eles na calçada, ao lado da CUFA. Para comer têm apenas as sobras, dadas pelos restaurantes dos arredores.
- A água é o mais difícil de arrumar. Se a gente quer tomar um banho, precisa atravessar a linha do trem para encontrar uma torneira. Se não, tem que andar até Marechal (Hermes). Nas igrejas, eles deixam a gente tomar banho e, às vezes, dão um prato de comida. – conta Adriano.

O sustento vem do lixo, literalmente. Alguns objetos são reutilizados e latinhas e garrafas pet viram dinheiro nos postos de reciclagem. Surpreendente é ver pessoas sofridas como estas terem senso de humor para debochar da própria situação. Adriano me pergunta se sei como dizer “morador de rua” em inglês, espanhol, francês, alemão e latim, porque ele sabe. “É maloqueiro”, responde rindo.

A brincadeira evidencia o preconceito vivido por eles. Renato é camelô e guarda seus pertences no galpão de um amigo: “Não tenho como comprovar renda porque trabalho na rua. Gostaria de ter uma casa, mas como vou conseguir assim?”.
Questionados sobre o motivo de não procurarem um dos abrigos da prefeitura, Renato contesta: “Que abrigo? Você entra cedo e tem que sair antes das sete da noite, não pode dormir lá”.

Adriano (de azul) está nas ruas há seis anos

A prefeitura garante trabalhar usando a conversa para levar os moradores de rua aos abrigos. Eles precisam seguir certas regras para serem aceitos. Todos passam por uma triagem e não é permitida a entrada com bebidas, cigarro ou drogas. Por este motivo, muitos resolvem ir embora. Quanto à reclamação de Renato, a assistente social é incisiva.
- As portas ficam abertas à noite toda. Eles têm direito de ir e vir. Mas os que voltam bêbados, os guardas não deixam entrar. O cigarro é proibido porque têm aqueles que resolvem dormir fumando e já tivemos casos de incêndio. – explica, Ângela.

Outra obra da prefeitura é o programa de reintegração social, no qual mendigos, ex-presidiários e pessoas sem instrução são levados a trabalhar em fazendas-modelo, gerando alimentos para os próprios companheiros de abrigo.
As rondas da prefeitura para assistência à população de rua são feitas sob solicitação. Para contatá-los, ligue: 3973-3800.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A estrutura da discórdia

Um mendigo dorme em frente à estrutura

Ao lado dos chafarizes vazios, das pracinhas abandonadas, e dos espaços de lazer, atualmente servindo de lar para mendigos, foi instalada uma nova e intrigante obra da prefeitura.

A estrutura, de quatro metros de altura, está localizada sob o viaduto Negrão de Lima, em Madureira. Mas a qual verdadeira função dela? Seria um outdoor em formato alternativo? Um esguicho de água para dias quentes, como aqueles instalados na praia e em bairros com altas temperaturas? Ou um mero enfeite para os moradores admirarem durante a travessia?

O contraste entre a novidade arquitetônica e a realidade do bairro é evidente. O modernismo da forma conflitua com o interesse dos transeuntes pela obra. A estudante Márcia Andrade ficou sentada em frente à peça, por cerca de 15 minutos, e não conseguiu definir do que se tratava.
- Não sei o que é isso, não. Serve para alguma coisa? Só serve mesmo para gastar o dinheiro do povo e para fazer sombra. Estão falando de praia e de pichação, mas colocaram bem embaixo do viaduto de Madureira. Queria saber se tem um falando dos problemas daqui lá na Zona Sul. Fica parecendo que o povo daqui é que suja e estraga tudo lá. - disparou Márcia, irritada.

No painel estão as frases: "a praia fica mais bonita sem cachorro" e "a nossa cidade fica mais rica sem pichação". Ambos os atos são proibidos por lei, informação omitida pelas mensagens.

Representantes da segurança da cidade foram questionados sobre a finalidade da obra, há mais de um mês fixada no local, mas nenhum dos entrevistados quis se pronunciar sobre o assunto.



terça-feira, 19 de agosto de 2008

Empreendedoras a favor da saúde

Vera lucra com a iniciativa

Ativo, diligente, laborioso. Esta é a descrição do dicionário para um empreendedor. A característica está em alta entre as empresas, hoje em dia. Todas buscam funcionários com tal perfil. No entanto, encontrei duas verdadeiras empreendedoras na quina da calçada.

Vera Lúcia dos Santos viu a oportunidade de aumentar sua renda trabalhando por conta própria em frente a um banco, em Madureira. A técnica de enfermagem escolheu a Rua Carvalho de Souza, uma das mais movimentadas do bairro, para estabelecer seu local de atendimento. Ela tira pressão arterial e mede a taxa de glicose dos transeuntes, cobrando valores simbólicos. “O cliente só dá se tiver. Se não tiver nada, faço de graça. Não posso negar ajuda”, garante Vera.

A banquinha, formada de uma mesa com toalha branca, duas cadeiras de ferro e um guarda-sol, atrai os clientes. Muito calma, a autônoma descreveu os materiais usados nas mini-consultas. São agulhas descartáveis, tiras de glicose, um aparelho de pressão, algodão e álcool. Ela conversa com os pacientes, explicando tranqüilamente o procedimento necessário, quando alguma alteração é vista nos testes.

Dona Regina de Sousa, de 59 anos, passava por ali, quando resolveu experimentar o breve check-up. Descobriu ter a pressão normal, 12 por 8. Saiu do local levando um pequeno papel, onde constavam informações necessárias para o controle pessoal: Data, hora, pressão arterial, pulso e glicose. Por fim, constatou de forma concisa suas impressões sobre o atendimento: “Gostei”.

Pouco mais a frente, na Estrada do Portela, outra banquinha de enfermagem. O atendimento segue o padrão de higiene e preço da anterior, mas os aparelhos de Maria de Lourdes Lopes são mais sofisticados. Apesar de as empreendedoras se conhecerem, esta não foi uma inciativa conjunta entre elas. Ambas atendem em frente a uma agência bancária.

Questionada se a escolha teria a ver com a movimentação ou algum outro tipo de estratégia, é objetiva:
- A liberação dos donos da agência para que eu pudesse ocupar esse local foi o fator determinante. O ideal seria atender na porta das farmácias, mas é proibido. Aqui fora, na rua, fico preocupada com os equipamentos expostos ao vento e chuva. Meu objetivo é conseguir uma parceria com o Madureira Shopping para montar um stand lá dentro - confessa Lourdes, esperançosa.

Públicos de todas as idades vão até os pontos de rua para fazer os testes. O resultado sai na hora.

Lourdes tenta parceria com o shopping